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Crônicas 5: Tipos de Crônica. Descubra 4 Estilos e Encontre a Sua Voz

  • Foto do escritor: Adorama
    Adorama
  • 10 de dez.
  • 5 min de leitura

Os 4 Principais Tipos de Crônicas


Olá, meus caros e minhas caras artesãos da palavra! Bem-vindos de volta à nossa oficina de escrita.

Até aqui, em nossa série sobre a crônica, já fizemos um mergulho profundo. Desvendamos sua alma, montamos seu esqueleto, afinamos sua voz e abrimos a caixa de ferramentas. Você já tem em mãos tudo o que precisa para construir um texto sólido e autêntico. Mas agora, vem a parte divertida: escolher qual prato preparar.

A crônica não é um prato único. É um vasto e delicioso cardápio. Pensar que toda crônica é igual é como achar que toda massa é espaguete. Hoje, vamos atuar como sommeliers literários e degustar quatro dos principais "sabores" do gênero. Conhecê-los é fundamental para você descobrir qual deles mais combina com seu tempero, com sua forma de ver e sentir o mundo.


1. O Sabor Lírico: A Poesia do Instante


A crônica lírica é aquela que se debruça sobre a emoção. Seu foco não é a ação, mas a atmosfera. Ela busca a poesia escondida em um gesto, em uma luz, em uma lembrança. O cronista lírico é um caçador de beleza e melancolia no cotidiano.

Mestres do Sabor: Rubem Braga, Clarice Lispector.

Degustação (Rubem Braga):

Composição surrealista de um texto se transformando em borboletas de luz que voam para a lua, simbolizando a crônica lírica e reflexiva.
Havia a jabuticabeira. O menino subia nos galhos mais altos, sentia o vento balançar seu corpo frágil e ria. Chupava a fruta no pé, sentindo o suco doce e um pouco ácido escorrer pelo canto da boca. Olhava o mundo lá de cima: o telhado da casa, o quintal, a rua, o mundo inteiro que cabia em seu pequeno universo. A felicidade era isso: uma jabuticabeira, um menino e o vento.

Viram? Não há trama. Há uma fotografia sensorial. Braga usa imagens simples e afetivas para capturar a essência de um sentimento universal: a felicidade contida na memória da infância. A crônica lírica é um suspiro em forma de texto.


2. O Sabor do Humor: A Sátira dos Costumes



Colagem de um âncora de telejornal com elementos cômicos sobrepostos, representando a crônica de humor e a sátira de costumes.

A crônica de humor usa a ironia, o exagero e o inesperado como ferramentas de crítica social. O cronista humorístico observa as neuroses, as modas e as pequenas loucuras do dia a dia e as expõe de forma inteligente e divertida. O riso aqui não é oco; ele é um estalo, um momento de reconhecimento do absurdo em que vivemos.

Mestres do Sabor: Luis Fernando Verissimo, Fernando Sabino.

Degustação (Luis Fernando Verissimo):



O homem entrou na reunião e anunciou: "A partir de hoje, para aumentar nossa sinergia e otimizar o fluxo de trabalho, todas as comunicações deverão ser proativas e assertivas, visando o nosso ‘core business’". Todos balançaram a cabeça em concordância. Ninguém entendeu nada, mas o medo de parecer incompetente era maior do que a necessidade de compreender. O homem que inventou o ‘reunionês’ deveria ganhar um prêmio. Ou ser demitido.

A genialidade de Verissimo está em capturar a linguagem vazia do mundo corporativo e revelar seu ridículo. Com poucas linhas, ele satiriza toda uma cultura. A crônica de humor é um espelho que nos devolve uma imagem engraçadamente torta de nós mesmos.



Imagem de uma multidão com uma lupa focando e colorindo uma única pessoa, ilustrando a crônica social que parte de um detalhe do cotidiano.

3. O Sabor Jornalístico/Social: O Zoom no Cotidiano


Este tipo de crônica parte de um fato concreto – uma notícia de jornal, uma cena presenciada na rua, uma experiência comum como pegar um engarrafamento – para tecer uma reflexão mais ampla sobre a sociedade, a política ou o comportamento humano. O cronista aqui atua como um sociólogo do instante.

Mestres do Sabor: Antonio Prata, Carlos Drummond de Andrade.

Degustação (Antonio Prata):


A fila do supermercado, aos domingos, é um tratado de psicologia social. Tem o ansioso, que espia seu carrinho e o da frente, calculando qual compra terminará primeiro. Tem a família que transforma a espera em um piquenique improvisado. E tem o filósofo, que olha para o teto, resignado com seu destino, talvez pensando na impermanência das coisas e na validade do iogurte. Somos todos personagens esperando nosso chamado no grande teatro do caixa três.

Prata pega uma das experiências mais banais da vida urbana e a transforma em uma análise de tipos humanos. Ele dá nome e sobrenome às nossas pequenas manias coletivas. A crônica social é um zoom que revela o todo a partir da parte.

Perceber a qual "sabor" sua voz se alinha é um passo fundamental na jornada do autor. É nesse processo de autoconhecimento literário que a nossa abordagem de revisão dialogal se mostra tão potente, pois atuamos como uma caixa de ressonância para seu estilo, ajudando você a identificar e aprimorar aquilo que sua escrita tem de mais singular.


4. O Sabor Reflexivo/Filosófico: A Semente do Universo


A crônica reflexiva pega um evento mínimo, quase insignificante – uma folha que cai, uma palavra ouvida ao acaso, uma formiga carregando um pedaço de pão – e o usa como semente para cultivar uma grande reflexão sobre a vida, a morte, o tempo, o amor. Ela transforma o micro no macro.

Mestres do Sabor: Eduardo Galeano, Marina Colasanti.

Degustação (Eduardo Galeano):


Um homem de uma aldeia na costa da Colômbia conseguiu subir ao céu. Quando voltou, contou. Disse que tinha contemplado, lá do alto, a vida humana. E disse que somos um mar de fogueirinhas. O mundo é isso, um amontoado de gente, um mar de fogueirinhas. Cada pessoa brilha com luz própria entre todas as outras. Não existem duas fogueiras iguais. Existem fogueiras grandes e fogueiras pequenas e fogueiras de todas as cores.

Galeano parte de uma pequena fábula para criar uma das mais belas metáforas sobre a individualidade humana. A crônica reflexiva não se prende aos fatos; ela usa os fatos para alçar voo em direção às grandes questões da existência.


Reforço de Aprendizagem: Degustação Literária, o Resumo dos Sabores


  • Lírico: Foca na emoção, na atmosfera e na beleza poética do instante. O objetivo é sentir.

  • Humorístico: Usa a ironia e a sátira para criticar costumes e comportamentos. O objetivo é rir para pensar.

  • Jornalístico/Social: Parte de um fato ou cena cotidiana para analisar a sociedade. O objetivo é observar e comentar.

  • Reflexivo/Filosófico: Transforma um evento mínimo em uma grande meditação sobre a vida. O objetivo é transcender.

Quer Escrever Bem? Leia e Leia e Leia...

📚A Estante de Ana: Sobre a Escrita: A Arte em Memórias de Stephen King

Já que estamos falando em encontrar nosso estilo, nada melhor do que aprender com um mestre da narrativa. Embora King seja famoso pelo terror, este livro é uma aula magna sobre o ofício do escritor, qualquer que seja o gênero. Ele mistura sua biografia com lições práticas e inestimáveis sobre voz, enredo, disciplina e, crucialmente, a arte da revisão. Leitura obrigatória para quem leva a escrita a sério.


☕Vamos Conversar?


Você se identificou mais com o lirismo de Braga, o humor de Verissimo, o olhar social de Prata ou a reflexão de Galeano? Talvez sua voz seja uma mistura única de vários desses sabores. Descobrir e refinar esse estilo é a parte mais prazerosa da jornada de um escritor. Se você sente que encontrou seu caminho, mas quer garantir que seu "prato" está sendo servido com a melhor apresentação e o máximo de sabor, estamos aqui para conversar. Nossa amostra gratuita de revisão é um convite para um diálogo sobre o potencial do seu texto, sobre como podemos, juntos, realçar ainda mais o seu tempero literário.

Não importa o sabor da sua crônica, a revisão é o ingrediente secreto que equilibra o paladar e garante uma experiência inesquecível ao leitor.



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